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Mulheres Mão na Massa: deixa eu que faço!

As Lumberjills entrevistaram a Mari Pavan, fundadora do Agiliza Lab, que nasceu para aproximar as mulheres do mundo das ferramentas dos consertos de casa e do faça você mesma!

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Mulheres Mão na Massa: deixa eu que faço!

Quando se pensa em Marcenaria, muitas vezes nos vem à cabeça a figura masculina, até paterna, manipulando a madeira e transformando em móveis lindos, fazendo alguns reparos em casa, e essas coisas. Mas o cenário da Marcenaria já vem mudando há bastante tempo e as mulheres marceneiras vêm ganhando cada vez mais destaque.

A quebra de paradigmas

Mulheres marceneiras quando se anunciam, sempre recebem perguntas ou exclamações de pessoas surpreendidas com o ofício escolhido por elas. É algo bem comum e normal, seja na cidade onde ela vive e, principalmente, quando vão a outros locais com uma quantidade extremamente reduzida de mulheres nesta profissão.

Mas de onde será que vem isso? Será um tipo de machismo?

De certa forma, sim. Mas não um machismo controlado e maldoso. É um pouco cultural. No entanto, a maneira que você reage ao saber que uma mulher é marceneira, vai muito das suas referências de infância, referências de vida.

Se você, mulher, é acostumada desde pequena a estar perto de figuras masculinas que te deixavam observar, ou até interagir, com ferramentas ou madeiras, você, com certeza, verá a profissão de mulher marceneira com muito mais naturalidade do que qualquer outra mulher que foi privada disso, seja qual for o motivo.

A mulher marceneira é um tipo de quebra de paradigmas. Desde pequena, de certa forma, ela não foi incentivada a ter interesse por marcenaria, por consertos, por esse trabalho que socialmente seria destinado ao homem. Um grande exemplo disso são os cursos de especialização como cursos de pedreiro, assentador de piso, elétrica e hidráulica. A presença masculina nesses cursos é quase majoritária. Dizemos “quase” porque sempre tem, ao menos, uma única mulher para quebrar essa barreira. 

Portanto, antes de acharmos que há um desinteresse do público feminino pela marcenaria ou demais ofícios que a maioria masculina prevalece, é importante lembrar dessa questão de contexto cultural e social, que por muitas vezes afastam as mulheres de atuar nesses segmentos.

O curso exclusivo para mulheres da Mari Pavan

É tão bom e importante as mulheres conseguirem resolver as coisas em casa de uma maneira mais independente, não? Não existe mais a necessidade de se manterem alheias às coisas que elas mesmas poderiam cuidar em suas casas.

Foi pensando nessa liberdade e independência que Mari Pavan criou os cursos regulares exclusivos para mulheres, que acontecem pelo menos uma vez por mês. O fato de ser só para mulheres faz com que se crie um ambiente seguro no termo prático mesmo, sem se sentir inibida, sem ter medo de perguntar e se sentir julgada, além de não se sentir pressionada porque internamente existe uma voz dizendo que a marcenaria é coisa de homens. Isso acaba afetando o desempenho como um todo. 

A Mari também tem uma turma mista por ano que tem se nota uma dinâmica diferente e bem visível: por mais legal que sejam os homens que participam dessas turmas, quando as mulheres cometem um erro, elas ficam mais sem graça, porque dentro de si mesmas, existe uma enorme autocobrança involuntária. 

Portanto, os cursos exclusivos para mulheres promovem um ambiente de segurança subjetiva que faz com que elas se apoiem mais e se desenvolvam em diversas atividades, desde a marcenaria até a parte hidráulica e elétrica.

Ambiente que promove o protagonismo feminino

O evento Mulheres da Marcenaria nasceu dessa necessidade de criarem-se ambientes em que as mulheres não tivessem receio de se expor, de demonstrar suas emoções, contar os perrengues que passaram e ainda conseguir inspirar outras mulheres.

O curso “Deixa que eu faço” ajuda a promover o sentimento de que o mundo também é delas! Se alguma aluna da Mari não aprendeu isso na sua história, na sua casa, com os seus cuidadores, cuidadoras, o curso pensado na marcenaria feminina é o lugar para aprender tudo isso. É apenas um único dia de curso onde se aprende a furar uma parede, resolver problemas de casa, aprender a usar ferramentas… é um mundo cheio das tecnicidades, dos nomes difíceis, mas pode ser prazeroso porque dá para ser leve, didático, com linguagem simplificada e, ainda, ter as experiências da Mari compartilhadas para gerar inspiração.

Os dois temas mais procurados são: furadeira e elétrica. A furadeira tem esse caráter poderoso, mesmo que muitas mulheres tenham um receio de errar, de acertar um cano, de se machucar, de, às vezes, não saber pendurar uma coisa e ela cair. No entanto, a parte elétrica é o que gera mais medo. Quem aqui não tem medo de levar um choque que atire a primeira pedra! 

Independente do tema do curso, a principal conquista é conseguir começar a aprender algo do zero e finalizar algo material, tangível. É aprender a trocar uma tomada, colocar uma luminária e ter a deliciosa sensação de “acendeu!”, “funciona!”. “Esse negócio que eu nunca vi na vida, que eu montei, funciona. Acho que isso toca a gente num lugar de potência interna que é muito poderoso mesmo!

Se você quer saber mais detalhes de como foi essa conversa das Lumberjills com a Mari Pavan, você pode assistir ao episódio completo do Podcast Guararapes: